domingo, 31 de maio de 2015

Ahhh o Vietnã...

“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou tv. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é, que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”. (Amyr Klink)
Quando eu era menina assistia a muitos filmes sobre a guerra no Vietnã, filmes esses que eram repetidos incansavelmente na tv aberta do Brasil. A grande maioria desses filmes mostrava o povo vietnamita como malvado, o grande vilão da história… e eu acreditava piamente na forma como eles eram retratados, por conta disso acabei desenvolvendo uma opinião equivocada sobre essas pessoas, opinião essa criada e estimulada pela televisão e seus filmes hollywoodianos.
Desconhecia praticamente tudo sobre esse país, desconhecia de tal forma que quando ouvia falar em Vietnã, mesmo depois de adulta, minha mente quase sempre associava a bombas, gritos e violência.
Confesso que nunca tinha passado pela minha cabeça fazer férias por lá, não tinha a menor ideia da grande riqueza cultural que o país possui e como o povo vietnamita é amável.
Ponte japonesa em Hoi An
 Lanternas de Hoian

A minha primeira impressão ao chegar no Vietnã foi: Uaauu eles até são simpáticos! Vocês acreditam que eu fui pra lá esperando encontrar um povo carrancudo? Quanta ignorância a minha, pois o que encontrei foi um país bonito, quentinho e pessoas agradáveis.
Os vietnamitas ainda estão se preparando para receber os turistas, pelo menos em Danang, na parte central do Vietnã, o turismo ainda não está assim tão desenvolvido, isso faz com que os preços sejam mais convidativos. E mesmo com essa vantagem em relação ao valor das coisas ainda não há aquela enxurrada desenfreada de turistas.
Eu gostei do que vi, gostei de andar no meio do povão, de comer comida de rua, de passear de canoa e de andar a pé no meio do mato. Gostei de provar as comidas típicas, de fotografar o povo pelas ruas, de entrar no mar calmo e cálido, de aprender um pouco da história do país, de sua cultura e de seus costumes…


Danang, a quarta maior cidade do Vietnã, é bastante movimentada e tem um encanto todo especial. Andei por lá nos mercados de rua, no calçadão ao lado do rio Han, observei as cinco pontes que ajudam a compor a beleza da cidade e fiquei encantada com as praias. No entanto, o lugar que mais gostei de visitar foi Hoi An, uma das cidadezinhas mais charmosas que já vi na vida.
Hoi An tem um casco histórico belíssimo, completamente intacto pelo fato de não ter sido atingido pelos bombardeios durante a guerra. É decorada pela ponte coberta japonesa, uma prova viva da influência que o Japão teve na cidade. É banhada pelo Rio Thu Bon, que foi um porto de pesca importantíssimo.
Por suas ruas circulam muitas motos – aliás nunca vi tantas motos juntas e um trânsito tão caótico quanto vi no Vietnã, mas isso também faz parte da beleza do país e ajuda a compor a atmosfera do lugar.
Hoi An tem uma variedade de edifícios com arquiteturas totalmente diferentes: chinesa, japonesa e francesa. Esses três povos, no passado, influenciaram muito a cidade e deixaram suas marcas. Hoje, podemos notar isso claramente nos edifícios, alguns deles possuem essas três influências combinadas em uma mesma construção. Essa cidadezinha é conhecida também por suas costureiras e por seus artesanatos, sobretudo as famosas lanternas. Hoi An foi declarada Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco.

 My Son
 Santuário de My Son
Além de Danang e Hoi An fui conhecer também o Santuário de My Son, que são ruínas de uma antiga cidade imperial que existiu entre os séculos IV-XVIII. Essas ruínas se assemelham muito a Angkor Wat, no Camboja (que eu ainda não conheço, mas que está nos meus planos conhecer em breve, estive no Camboja em novembro de 2017 :)). Grande parte do Santuário My Son foi destruído durante a guerra, mas ainda restam vinte monumentos muito bem conservados e que impressionam os visitantes. O lugar é muito bonito, tem muito verde ao redor mas o que mais chamou a minha atenção foram os detalhes das construções. My Son também foi declarado Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco.
Coisas para fazer e conhecer no Vietnã não faltam: há as Montanhas de Mármore, um grupo de cinco montanhas que é na verdade um local de peregrinação, um retiro espiritual; o interessante desse lugar são as muitas cavernas enormes que existem dentro das montanhas e as vistas maravilhosas.
Além disso, é possível alugar bicicletas e fazer passeios pelos campos de arroz, pelas praias, aliás as praias são um caso à parte: bonitas, com águas claras, calmas e quentinhas.
Achei uma delícia visitar o Vietnã, um país de homens e mulheres fortes. As mulheres trabalham muito, não apenas como as famosas costureiras de Hoi An, mas fazendo trabalhos pesados: remam canoas, puxam e empurram carrinhos de mão, carregam cestos pesadíssimos pela cidade vendendo frutas e legumes… Elas trabalham pra valer!

 Non Nuoc Beach – Da Nang
Minha viagem ao Vietnã serviu para me fazer enxergar esse país e seu povo com outros olhos, um olhar completamente distinto daquele de quando eu era moleca e assistia aos filmes na tv – quando nem passava pela minha cabeça andar por estas bandas. E eu percebi que nem sempre o que imaginamos e recriamos na nossa mente sobre um determinado lugar corresponde à realidade. Por isso quando aparecer a oportunidade para conhecer esses lugares não devemos deixar a oportunidade escapar. Viajar e visitar outros países é maravilhoso, pois aumenta nosso conhecimento sobre a cultura alheia, muda a opinião errônea que tínhamos sobre determinadas pessoas e costumes e, sobretudo, nos livra de nossos muitos preconceitos.

Arquitetura no Vietnã/influência chinesa
Uma vendedora de rua
Eu, assim como Amyr Klink, também acho que devemos ver o mundo com nossos próprios olhos. Porém, isso não significa que uma boa leitura não seja válida. É válida, sim senhor! Acredito que um bom livro é um excelente complemento para uma grande viagem. É bom ler e é bom viajar… e quando podemos combinar as duas coisas é melhor ainda, né?!
Amei o Vietnã, uma da melhores viagens da vida.