quarta-feira, 15 de abril de 2020

Terra Americana, Jeanine Cummins

“Às vezes a experiência de leitura pode ser corrompida por um número excessivo de opiniões.”

terra americanaEm Terra Americana a escritora Jeanine Cummins relata a forma pouco convencional e bastante irresponsável como os migrantes mexicanos, hondurenhos e guatemaltecos viajam do Sul do México até à fronteira Norte dos Estados Unidos. Contrariando a norma e o bom senso, homens, mulheres e até mesmo crianças ficam por mais de três mil quilômetros em cima de trens de carga, conhecidos como La Bestia, sem nenhum tipo de segurança ou proteção. Esses viajantes enfrentam além das intempéries, quedas seguidas de amputações, subornos, sequestros, estupros, às vezes perdem até mesmo a vida na tentativa de alcançar o sonho americano.
Cummins, que é norte-americana, não teve seu livro bem recebido pela comunidade latina nos EUA… A escritora, por não ser latina, não foi considerada idônea o suficiente para discorrer acerca desse tema e foi acusada de se apropriar de um lugar de fala que não lhe pertence visando apenas o lucro. Além disso, os latinos consideram que suas personagens são estereotipadas e possuem um teor um tanto quanto racista.

Terra Americana conta a história fictícia de Lydia Quijano Pérez, proprietária de uma livraria em Acapulco, México, que foge para os Estados Unidos com seu filho Luca, de apenas oito anos, no perigoso trem La Bestia, após o assassinato de toda a sua família por um cartel do narcotráfico.
Desde o primeiro capitulo acompanhamos Lydia e Luca ultrapassando diversos obstáculos para escapar do chefe do cartel e alcançar seu destino final: Os Estados Unidos da América… A cada capítulo a tensão aumenta e ambas as personagem ficam cada vez mais exauridas mas, ao mesmo tempo, mais esperançosas também.
O pano de fundo é sem dúvida a problemática dos migrantes mexicanos e o domínio do México pela máfia dos narcotraficantes.
Embora se trate de uma história recheada de eventos violentos e doloridos, o livro, pra mim, passou uma mensagem positiva. Vi em Lydia uma mãe amorosa e destemida que, mesmo desesperada, assume perigos inimagináveis com o único objetivo de resguardar a vida do filho. Li uma história de sofrimento, de perdas, de vingança, de ganhos financeiros valorizados em detrimento da vida humana, mas li também uma história de amor, de gratidão, de superação e, sobretudo, de esperança. Esperança de uma vida melhor, de uma vida sem medo, sem violência… Uma vida onde o amor é o ingrediente mais importante: o amor incondicional, o amor sem fronteiras.

Não sei dizer se a história é verossímil ou não… Também não sei se o México é de fato totalmente dominado for facções do narcotráfico e nem se as personagens de Cummins são estereotipadas e caricatas, só sei que a história é super instigante e me agradou que só!

Recomendadíssimo. ❣️
jeanine cummins
Jeanine Cummins