segunda-feira, 4 de março de 2013

Meu primeiro contato com a literatura chinesa.

“Às vezes, as flores colocadas para secar ao sol têm melhor aroma que as flores frescas”.

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Meu primeiro contato com a literatura chinesa foi em 2012, quando o Prêmio Nobel de Literatura saiu para Mo Yan, um escritor chinês. Até então eu nunca tinha escutado falar nada sobre esse escritor, por isso me senti um pouco desatualizada; na verdade, desatualizada não por desconhecer o ganhador de tal prêmio, mas por não conhecer absolutamente nada da literatura chinesa. Mesmo já morando na China há quase um ano, se alguém me perguntasse o nome de algum escritor daqui eu não seria capaz de citar um sequer.
No intuito de mudar esse quadro, fui pesquisar mais acerca de Mo Yan, mas acabei mesmo foi lembrando que há muito tempo comprei um livro de uma escritora com um nome que soava meio oriental. Sai remexendo tudo por aqui à procura do tal livro e me deparei com A serpente emplumada, de Xu Xiaobin.
Fiquei surpreendida não apenas pela autora ser de fato chinesa, mas por ter comprado o livro em uma época em que nem imaginava que viria morar na China. Conclusão, deixei o ganhador do Nobel de lado (por um tempo) e decidi começar o meu caminho pela literatura chinesa através da escrita de Xu Xiaobin.
Lendo alguns comentários na orelha da capa, descobri que A serpente emplumada foi comparada ao livro Cem anos de Solidão, do escritor colombiano Gabriel García Márquez. Não vou negar que esse pequeno detalhe me impulsionou a lê-lo imediatamente, pois Cem Anos de Solidão é um dos meus livros preferidos da vida. Gosto tanto dessa obra que mesmo muitos anos após a leitura ainda guardo na memória detalhes da triste história dos Buendía e da fictícia Macondo.
O certo é que fiquei muito curiosa para saber se o livro da escritora chinesa era tão parecido assim com o do colombiano, mas resulta que ao encerrar a leitura cheguei à conclusão de que além do fato de se tratar de uma épica história familiar e contar a saga de cinco gerações de mulheres no decorrer de cem anos, outras semelhanças não há. Independente disso, posso dizer que a Serpente emplumada me conquistou. O livro de Xu Xiaobin é bom o suficiente para agradar e chamar a atenção do leitor sem precisar, necessariamente, ter semelhanças com outras obras literárias conhecidas.
A autora desenvolveu muito bem o enredo, criou personagens fortes e marcantes, o que faz com que seu livro por si só se sustente. Eu gostei, me emocionei no decorrer da leitura e recomendo a todos que, como eu, gostam de histórias nas quais se descrevem sentimentos profundos e intensos.
Sinopse:
“Yu She é a protagonista. Sua experiência se tece através das vidas de sua avó, sua mãe, suas irmãs e uma sobrinha. Várias gerações de mulheres com personalidades e temperamentos muito distintos cujas vidas sofrem grandes mudanças através do tempo: desde a década de 1890, durante a última etapa da Dinastia Qing, até a década de 1990. Yu She ama seus pais, mas desde muito menina se dá conta de que seus pais não a amam. Depois de cometer dois pecados imperdoáveis, é enviada a viver em outra cidade onde logo será abandonada. Desde então sua vida se transformará em uma viagem em busca do amor. É uma menina frágil e delicada, mas ao mesmo tempo dotada de uma grande resistência. É uma menina solitária, mas sabe se defender de forma firme e desenvolta.
Quando chega a década de 1980, Yu She se envolve em uma confusão política, e se encontrará mais perto do amor que nunca. Sua última oportunidade de conseguir o que deseja se apresentará, mas em troca disso ela deverá pagar um preço muito alto. Nesta história misteriosa, Xu Xiaobin nos mostra os contrastes da vida, onde as diferenças são foscas, as recordações do passado e do presente se misturam e os desejos e a realidade se fundem sem uma linha clara de separação. É uma história maravilhosa, como um rolo de pintura chinesa, em que se plasmam imagem em relevo da História. É rica, penetrante, profunda e, sobretudo, bonita.”

Sobre a autora:

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Xu Xiaobin nasceu em 1953, em Pequim. Passou nove anos entre o campo e uma fábrica durante a Revolução Cultural, até que em 1978 ingressou na Universidade Central de Ciências Econômicas. Seus primeiros livros apareceram em 1981 e, desde então, publicou muitas obras de ficção.
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4 comentários:

  1. Day, eu tbm amo Cem Anos de Solidao, e assim como vc, tbm tenho mts partes do livro ainda na memória, apesar de ter lido há mts anos, antes da minha primeira filha nascer, isso ja tem mais de 18 anos... esse livro me marcou mt tbm, e é tao maravilhosamente bem escrito, nao é?

    Entao, olha so, to melhor que vc, iupiii ;-) Já li alguns pouquissimos autores chineses, um nao lembro mesmo o nome,ohh que horror, o outro, é de uma chinesa, vc ja leu Cisnes Selvagens de Jung Chang? eu adorei,e mt bom. Li é claro tbm, Balzac e a costureirinha chinesa, lindinho demais, tbm de um autor chines, que claro, esqueci o nome, era algo com Sjie sei la. E tenho que te contar que ando tbm apaixonada pelos filmes chineses, nossa, eles sao encantadores demais. O ultimo que vi era Flor da Neve e o leque secreto, um amor de filme, uma fotografia linda, nossa, eu to amando os filmes chineses...

    Gostei daqui, volto
    Bjs

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  2. Pois é, Nina, Cem Anos de Solidão é sensacional, estou sempre planejando uma releitura, quem sabe um dia!!
    Menina, é até uma vergonha dizer isso, mas eu ainda não conheço nada do cinema chinês, vou dar uma pesquisada nesses filmes que vc citou. Quanto à literatura, estou tentando conhecer mais, agora mesmo estou terminando As boas mulheres da China, de Xinran. Além disso, comprei When red is black, de Qiu Xiaolong e Red Sorghum, de Mo Yan.
    Os Cisnes Selvagens e Balzac e a costureirinha chinesa eu nunca nem ouvi falar, mas já anotei a dica pra procurar depois.
    Eu gosto mesmo é da literatura japonesa, sou fã de Haruki Murakami, Kawabata e Kazuo Ishiguro... Espero que os escritores chineses me conquistem da mesma forma.

    Abraço e obrigada pela visita

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  3. Oiii Day!!! Adorei o texto e a dica...
    Acho que os orientais são cheios de sensibilidade e sentimentos profundos, daí seus livros serem tão tocantes...
    Um lindo fim de semana por aí!!! Beijãooo

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    Respostas
    1. Obrigada, Aliny!
      É bem verdade isso, estou gostando mesmo dos orientais.
      Beijo e bom fim de semana pra vc também!
      ;)

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