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Mostrando postagens de agosto, 2013

Aquela voz inconfundível...

Uma das muitas lembranças que guardo carinhosamente da minha infância é a do meu tio-avô. Lembro-me, sobretudo, de sua voz forte, marcante e de seu acentuado sotaque maranhense. O velho Jaime, irmão de minha avó materna, vivia em um povoado chamado São Benedito, embrenhado nos confins do Maranhão. Apesar de nunca ter colocado os pés em dito lugar, quando falo dele me parece tão familiar que é como se eu o conhecesse, deveras! Lembro-me que ele fazia o percurso de sua casa até à casa de minha avó a cavalo - e na época do inverno (no Maranhão, naquele tempo, essa estação era marcada pelas chuvas constantes e pelos rios que se formavam mata adentro), os caminhos ficavam muito difíceis, por causa disso vô Jaime tinha que madrugar, atravessar igarapés, viajar praticamente o dia inteiro para chegar a Santa Helena, vilarejo onde vivia minha avó. Mas, quando chegava, quase sempre à noite, ninguém mais dormia, porque ele tinha causos pra contar... E ra história pra mais de légua!! F...

Sheung Yiu, o vilarejo abandonado!

Finalmente fui conhecer  Sheung Yiu - um vilarejo fundado no final do século XIX por membros da família Wong. A família Wong, que pertencia ao grupo étnico Hakka, abandonou seu lugar de origem na província de Guandong e se estabeleceu por aqui, pertinho do grande  Parque Natural Pak Tam Shung , nos Novos Territórios, e montou uma pequena venda para ganhar a vida fornecendo mantimentos aos moradores locais e viajantes que passavam pelo lugar.  Como o negócio começou a dar bastante lucro, decidiram construir o vilarejo para abrigar tanto a casa da família como a dos empregados - eles chegaram a ter mais de cem trabalhadores. Paisagem em Sheung Yiu Ruina de uma das casas da família Wong Sheung Yiu  ocupava uma área de cerca de 500m e foi construído sobre uma plataforma de aproximadamente dois metros de altura. Essa altura servia não apenas para proteger as casas de inundações mas também de possíveis invasores. Composta por uma série de oito ...

Mensagem de uma mãe chinesa desconhecida...

“Toda mulher que já teve um bebê sentiu dor, e as mães de menininhas têm o coração cheio de tristeza.” Logo que terminei a leitura de Xu Xiaobin,  A Serpente Emplumada ,  quis dar continuidade a minha empreitada de conhecer mais a fundo a literatura chinesa. Pesquisei sobre vários livros e decidi ler  Mensagem de uma mãe chinesa desconhecida , de  Xinran . A história tocou-me bastante, provavelmente por trazer relatos reais de mulheres chinesas que devido aos percalços da vida precisaram abandonar suas filhas à própria sorte. Os depoimentos são tão reveladores que não tem como lê-los sem sentir um nó na garganta, sem imaginar como reagiríamos caso fosse conosco. Não tem como não nos colocarmos no lugar dessas mães e sofrermos com elas. Confesso que por vezes chorei… É triste, muito triste! Xinran começa nos explicando o porquê de haver na China tantas meninas orfãs. Ela diz que isso acontece, “ em primeiro lugar, porque é um costume arraigado na...

Touch of the Light, um filmaço!!

Dia desses fui ao cinema porque queria assistir a algum filme que me tocasse, que me fizesse pensar, que não fosse mais um típico filme americano com carros explodindo, tiros pra todo lado e o escambau.  Em meio a tanta variedade de filmes em exibição, acabei me decidindo por Touch of the Light,  de Chang Jung-Chi , um diretor taiwanense.  Foi a primeira vez que fui ao cinema e decidi assistir a um filme chinês. Com audio em mandarim e legenda em cantonês e inglês, o filme definitivamente me agradou! Eu já até tinha comentado que estava me sentindo meio envergonhada (eu sempre me sinto envergonhada quando não me interesso em conhecer um pouco mais da cultura do país no qual vivo) por não conhecer nada do cinema chinês. A verdade é que já andava bastante curiosa para saber se os chineses são bons nessa arte... Pois é, eles não me decepcionaram, não! Touch of the light está baseado em uma história real. Trata da vida de um adolescente cego que ingressa em...