Pular para o conteúdo principal

Sheung Yiu, o vilarejo abandonado!

Finalmente fui conhecer Sheung Yiu - um vilarejo fundado no final do século XIX por membros da família Wong. A família Wong, que pertencia ao grupo étnico Hakka, abandonou seu lugar de origem na província de Guandong e se estabeleceu por aqui, pertinho do grande Parque Natural Pak Tam Shung, nos Novos Territórios, e montou uma pequena venda para ganhar a vida fornecendo mantimentos aos moradores locais e viajantes que passavam pelo lugar. 
Como o negócio começou a dar bastante lucro, decidiram construir o vilarejo para abrigar tanto a casa da família como a dos empregados - eles chegaram a ter mais de cem trabalhadores.

Paisagem em Sheung Yiu
Ruina de uma das casas da família Wong

Sheung Yiu  ocupava uma área de cerca de 500m e foi construído sobre uma plataforma de aproximadamente dois metros de altura. Essa altura servia não apenas para proteger as casas de inundações mas também de possíveis invasores. Composta por uma série de oito casas, cozinhas, chiqueiros e estábulos, o vilarejo também teve em seu tempo um espaçoso pátio aberto - uma área de lazer comum, onde banquetes eram realizados e os grãos eram torrados e secos.
O centro de cada casa foi reservado para a sala de estar, tinha uma decoração simples com mesas e bancos de madeira, bem como troncos e caixas para armazenamento de produtos alimentícios; a parte de baixo desse espaço era usada para jantar e fazer recepções para os visitantes, já a parte de cima servia como quarto e despensa.


Interior da casa: sala de estar e quarto

Objeto de trabalho da família Wong

Casa principal
Sheung Yiu Folk Museum

Além de trabalhar com a pesca e a agricultura, a família Wong prosperou mesmo foi trabalhando com artesanatos tradicionais, como a fabricação de cal, tijolos e telhas para uso na construção. A região era muito rica em corais, pois Sai Kung, uma praia nas proximidades do vilarejo, fornecia recursos abundantes para a fabricação desses produtos - que os Wong souberam aproveitar ao máximo.
Com o passar dos anos e o aumento da produção de cimento e tijolos nas grandes fábricas, o vilarejo foi perdendo sua clientela e declinando. Na década de 1950 os moradores de Sheung Yiu começaram  a sair e procurar as áreas urbanas para ganhar a vida, e por volta de 1960 a aldeia já tinha sido completamente abandonada. Em 1981, o Governo declarou o vilarejo como monumento histórico, e começou o trabalho de restauração para desenvolver a área para o Sheung Yiu Folk Museum.



Perdendo a timidez e postando minha primeira foto no blog

Hoje, o vilarejo não é mais o que era na época da família Wong, a única coisa que ainda resta é a casa principal que foi transformada em museu, todas as demais são apenas ruínas.

O mais legal de fazer uma visita ao vilarejo de Sheung Yiu foi poder unir duas atividades que gosto muito:
1- Trilha - adoro andar dentro do mato... Para chegar a Sheung Yiu foi preciso fazer uma caminhada de aproximadamente 30 minutos por dentro do parque natural Tam Tak Chung. O percurso, apesar das muitas subidas e descidas é fácil de fazer, até mesmo pra mim que não tenho muita energia pra subir ladeira. As paisagens e as variadas espécies de plantas que encontrei pelo caminho deixam o percurso bem interessante e divertido.
2- Atividade Cultural - visitar o museu foi uma delícia, apesar de pequeninho é bem organizado, recria a atmosfera da época em que a casa era habitada pela família Wong. Além disso, é exibido um vídeo que conta toda a história do vilarejo desde sua origem.

O museu está aberto ao público desde 1984, com exceção das terças-feiras, abre todos os dias das 10h às 17h. A entrada é franca!.



Comentários

  1. tenho várias coisas a dizer!
    Primeio, obrigada pela viagem...se senti passeando com você e adorei aprender um pouco sobre a Sheung Yiu Village.
    Depois, dei sorte de chegar bem no post da sua primeira foto, ai sei como você é. :-)

    E terceiro, obrigada pelo carinho lá no blog. E quanto á anonima, todo mundo tem direito a sua propria opiniao, mas o meu blog não é pra gente que vem, lê, esculacha e vai embora. Eu não escrevo prá essas pessoas.
    Escrevo para a minha familia, para os meus amigos e para as pessoas incríveis que eu conheci na blogsfera. A anonima pode ir pular no rio, se ela quiser :-)

    PS - vc viu o que estão me sacaneando no proximo post? Luana, Juluana, Olivia...não estão me dando trégua...kkkkk

    ResponderExcluir
  2. Inaê, o blog já tem um aninho de vida, mas só agora comecei a me dedicar mais a ele. Só agora, depois de tanto tempo, eu decidi mostrar a cara... Agora quem chegar por aqui vai saber quem sou eu... rsr
    Muito obrigada pela visita e comentário.
    Abraço ;)

    PS:. Pois é, Que bom que os amigos conseguem levar na esportiva e fazer piadinhas dessas situações chatas, né?!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

10º Bookcrossing Blogueiro

"Cada livro, cada volume que você vê, tem alma. A alma de quem o escreveu, e a alma dos que o leram, que viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro troca de mãos, cada vez que alguém passa os olhos pelas suas páginas, seu espírito cresce e a pessoa se fortalece." Carlos Ruiz Zafón Começou o 10º BookCrossing Blogueiro, o projeto pra lá de bacana que a  Luma Rosa,  do blogue   Luz de Luma, Yes Party,   organiza duas vezes por ano. Quem quiser participar está convidado, basta apenas escolher aquele livro que está abandonado na estante, colocar um recadinho dentro explicando que ele não está perdido, que é um livro livre (que deve ser lido e outra vez libertado) e deixá-lo em algum lugar público para que alguém o encontre. Você pode também entregá-lo diretamente a alguém ou enviá-lo pelo correio. O importante é entrar na brincadeira com gosto, participar e ajudar a compartilhar livros por aí. Escolhi três livros para libertar. Quem estiver inte...

BookCrossing Blogueiro, 8-ª edição!

Mais uma vez começará o divertido  BookCrossing Blogueiro , organizado pelo blogue  Luz de Luma, Yes Party.   O objetivo do BookCrossing Blogueiro é "libertar" livros de nossas estantes para que outras pessoas os possam ler também, estimulando assim o hábito da leitura. Quem quiser entrar na brincadeira sinta-se convidado. É muito simples participar, basta apenas selecionar o livro que deseja passar adiante, colocar um bilhete dentro (modelo  aqui)  explicando que ele não está perdido, que deve ser lido e libertado outra vez... Fácil, né?! Um dos livros que escolhi para libertar é  O Castelo de Vidro , da jornalista norte-americana Jeannette Wallls . O Castelo de Vidro foi-me enviado da Alemanha por uma querida amiga virtual ( Obrigada, Nina! ). O livro está agora em Hong Kong e ansioso para seguir circulando livremente por aí... Já o li e gostaria de oferecê-lo a outro leitor, porém de uma forma um pouco diferente: via correio. Quem tiver intere...

Terra Americana, Jeanine Cummins

“Às vezes a experiência de leitura pode ser corrompida por um número excessivo de opiniões.” Em  Terra Americana  a escritora  Jeanine Cummins  relata a forma pouco convencional e bastante irresponsável como os migrantes mexicanos, hondurenhos e guatemaltecos viajam do Sul do México até à fronteira Norte dos Estados Unidos. Contrariando a norma e o bom senso, homens, mulheres e até mesmo crianças ficam por mais de três mil quilômetros em cima de trens de carga, conhecidos como  La Bestia , sem nenhum tipo de segurança ou proteção. Es ses viajantes enfrentam além das intempéries, quedas seguidas de amputações, subornos, sequestros, estupros, às vezes perdem até mesmo a vida na tentativa de alcançar o sonho americano. Cummins, que é norte-americana, não teve seu livro bem recebido pela comunidade latina nos EUA… A escritora, por não ser latina, não foi considerada idônea o suficiente para discorrer acerca desse tema e foi acusada de se apropriar de um lugar d...